2026 será um ano de testes para a Reforma Tributária, é o começo de um novo modelo de cobrança sobre o consumo no Brasil. Para o setor de transporte rodoviário de cargas, isso significa mudanças na formação de custos, no uso de créditos, na precificação do frete e na competitividade entre empresas.
O novo sistema altera a lógica tributária aplicada às operações de transporte: combustíveis, pedágios, aquisição de veículos, manutenção de frota e folha passam a seguir novas regras de creditamento e novos padrões de impacto sobre o caixa das transportadoras.
Por isso, compreender desde já como CBS e IBS funcionarão é indispensável para evitar perdas financeiras e ajustar os modelos operacionais antes de 2026.
Neste guia, você encontrará uma análise clara, prática e estratégica sobre o que realmente muda; com foco total no que gestores, operadores logísticos e empresários precisam saber para tomar decisões seguras.
Confira os tópicos:
- O que muda com a Reforma Tributária em 2026: visão geral para o setor de cargas
- Como será a tributação do transporte de cargas no novo sistema (CBS + IBS)
- Impactos práticos no dia a dia das transportadoras
- Impactos no transporte rodoviário de cargas: combustível, pedágio, frota e folha
- Como as transportadoras devem se preparar para 2026: passos práticos
- Como a Reforma Tributária vai afetar a competitividade logística no Brasil
- Conteúdo extra: Live com Rafael Brito — Diretor e Conselheiro Empresarial da Rumo Brasil
- O que as transportadoras precisam fazer agora para não perder competitividade em 2026
Ao final do artigo, você também poderá conferir os principais pontos discutidos no Prolog Talks com Rafael Brito, Diretor e Conselheiro Empresarial da Rumo Brasil, realizado na última sexta-feira.
O encontro trouxe orientações importantes para ajudar transportadoras a se prepararem com antecedência para as mudanças que começam a valer em 2026.
Boa leitura.
O que muda com a Reforma Tributária em 2026: visão geral para o setor de cargas
A principal mudança da Reforma Tributária é que cinco tributos (PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e ISSQN) serão gradualmente substituídos por dois novos impostos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios.
Para o transporte de cargas, isso não significa apenas uma mudança de nomes, mas uma transformação na forma como os créditos são gerados, como os custos incidem sobre a operação e como o frete será formado daqui para frente.
A seguir, um resumo do que realmente muda para as transportadoras:
1. Entrada em vigor do sistema CBS + IBS
O modelo de tributação sobre o consumo passa a se basear em dois impostos não cumulativos, com regras unificadas e apuração mais simples. Para as transportadoras, isso altera como créditos são obtidos e usados para reduzir custos.
2. Ampliação do regime de créditos
Despesas que antes não geravam crédito, como manutenção de veículos e aquisição de certos insumos operacionais, podem passar a gerar abatimento. Isso muda a forma de planejar compras, contratos e renovação de frota.
3. Nova lógica de incidência sobre combustíveis
A tributação sobre combustíveis passa a seguir mecanismos mais transparentes e com maior previsibilidade, impactando diretamente o custo operacional e o cálculo do frete.
4. Padronização nacional das regras
Com a unificação de normas estaduais e municipais, empresas que operam em vários estados terão menos variações regionais e menos custos com compliance fiscal.
5. Fim da guerra fiscal
A eliminação de benefícios regionais ligados ao ICMS reduz distorções entre estados e força empresas a revisarem estratégias logísticas baseadas apenas em incentivos.
Como será a tributação do transporte de cargas no novo sistema (CBS + IBS)
Com a implementação da CBS e do IBS, o transporte de cargas passa a ser tributado dentro de um modelo de IVA dual, não cumulativo, com regras mais uniformes em todo o país.
Na prática, isso altera tanto a forma de cálculo dos tributos quanto o aproveitamento de créditos ao longo da cadeia logística.
Alíquotas previstas
Embora as alíquotas finais ainda estejam em definição, a expectativa é que o transporte de cargas esteja sujeito à alíquota padrão do IVA, com poucas exceções. Isso exige atenção redobrada das transportadoras, já que variações percentuais podem impactar diretamente o valor do frete e as margens operacionais.
Créditos e compensações
O novo modelo amplia o direito ao crédito tributário, permitindo compensar CBS e IBS pagos em etapas anteriores da operação. Gastos com insumos, manutenção de frota e aquisição de bens utilizados na atividade tendem a gerar créditos, reduzindo a cumulatividade que hoje pesa sobre o setor.
Cascateamento e impacto no frete
Com a não cumulatividade plena, o efeito cascata de tributos ao longo da cadeia tende a diminuir. Isso pode trazer mais transparência para a formação do preço do frete, mas exige revisão dos modelos atuais de precificação para garantir que os créditos sejam corretamente aproveitados.
Impactos práticos no dia a dia das transportadoras
A Reforma Tributária não afeta apenas o cálculo dos impostos, mas provoca mudanças relevantes na rotina operacional, nos processos internos e na gestão financeira das transportadoras.
Na prática, áreas como fiscal, financeiro, comercial e operações passam a ter uma interdependência ainda maior.
Operações urbanas e interestaduais
Com a padronização das regras tributárias e a substituição de tributos estaduais e municipais pelo IBS, a diferença de tratamento entre operações urbanas, intermunicipais e interestaduais tende a diminuir.
Isso reduz a complexidade fiscal para transportadoras que atuam em múltiplas regiões, diminuindo a necessidade de interpretações específicas por estado ou município.
Por outro lado, essa uniformização exige maior rigor no registro correto das operações, já que erros na classificação ou na documentação fiscal podem comprometer o aproveitamento de créditos e gerar passivos tributários, independentemente da localidade da operação.
Custos operacionais e margens
A ampliação do direito ao crédito tributário pode aliviar parte da carga fiscal sobre custos relevantes, como manutenção de frota, aquisição de insumos e contratação de serviços. No entanto, esse benefício não ocorre de forma automática.
Transportadoras que não revisarem seus processos internos, contratos com fornecedores e controles fiscais correm o risco de não capturar esses créditos, absorvendo custos maiores e pressionando suas margens. Além disso, a necessidade de adequação de sistemas e de processos pode gerar custos adicionais no curto prazo, que precisam ser considerados no planejamento financeiro.
Efeitos no fluxo de caixa
No novo modelo, o tempo entre o pagamento do tributo e a efetiva compensação dos créditos passa a ter impacto direto sobre o fluxo de caixa das empresas. Atrasos, inconsistências ou falhas na escrituração podem gerar descasamentos financeiros relevantes.
Por isso, a integração entre as áreas fiscal e financeira se torna essencial. Transportadoras que anteciparem esse alinhamento, ajustando rotinas, sistemas e controles, estarão mais preparadas para manter equilíbrio de caixa e previsibilidade financeira durante o período de transição da Reforma Tributária.
Impactos no transporte rodoviário de cargas: combustível, pedágio, frota e folha
Alterações na incidência sobre diesel
O novo modelo prevê uma tributação mais clara sobre combustíveis, com regras que buscam reduzir distorções e aumentar previsibilidade. Como o diesel representa uma parcela relevante dos custos, qualquer mudança afeta diretamente o valor do frete.
Tributação sobre ativos (caminhões, implementos etc.)
A aquisição de veículos e implementos irá gerar créditos mais amplos de CBS e IBS. Isso pode influenciar decisões de renovação de frota e estratégias de investimento das transportadoras.
Serviços agregados (armazenagem, logística integrada)
Atividades como armazenagem, cross-docking e logística integrada passam a seguir a mesma lógica do IVA, exigindo atenção na contratação e na estruturação dos serviços oferecidos aos clientes.
Como as transportadoras devem se preparar para 2026: passos práticos
A adaptação à Reforma Tributária começa antes da entrada em vigor do novo sistema. Transportadoras que se anteciparem terão mais controle sobre custos, menos riscos fiscais e maior previsibilidade financeira durante o período de transição.
Ajustes no planejamento tributário
O primeiro passo é mapear detalhadamente as operações da empresa, identificando quais atividades geram direito a crédito e como esses créditos poderão ser aproveitados no novo modelo. Isso inclui revisar contratos com clientes e fornecedores, entender a tributação incidente sobre cada tipo de serviço e avaliar como a substituição dos tributos atuais por CBS e IBS impacta a carga tributária total.
Além disso, será essencial reavaliar os regimes tributários atualmente adotados, simulando cenários e impactos financeiros. Um planejamento tributário estruturado ajuda a reduzir riscos, evitar surpresas e apoiar decisões estratégicas antes de 2026.
Revisão de custos e formação do preço do frete
A nova lógica tributária altera a forma como os tributos incidem sobre os custos da operação, o que exige uma revisão completa das planilhas de custo. Elementos como combustível, pedágio, manutenção, mão de obra e serviços terceirizados passam a ter impacto diferente na formação do preço do frete.
Transportadoras que não ajustarem seus critérios de precificação correm o risco de operar com margens reduzidas ou de perder competitividade.
Por isso, o preço do frete deve refletir corretamente tanto a nova carga tributária quanto o aproveitamento efetivo dos créditos.
Adequação de sistemas e compliance fiscal
A Reforma Tributária demanda sistemas de gestão capazes de apurar corretamente CBS e IBS, controlar créditos tributários e atender às novas obrigações acessórias. TMS, ERP e sistemas fiscais precisarão estar integrados e atualizados para garantir consistência das informações e reduzir riscos de erros.
Além da tecnologia, é fundamental revisar processos internos e treinar equipes, garantindo que a emissão de documentos fiscais e o registro das operações sigam as novas regras. Falhas de compliance podem resultar na perda de créditos ou em passivos tributários relevantes.
Governança e gestão de riscos
Com um modelo tributário mais transparente e não cumulativo, a governança ganha ainda mais importância. Processos internos bem definidos, integração entre as áreas fiscal, financeira, comercial e operacional, e acompanhamento contínuo das regulamentações serão fatores críticos de sucesso.
A gestão de riscos passa a envolver não apenas o cumprimento das regras, mas também a capacidade de responder rapidamente a mudanças regulatórias e de manter controle sobre impactos financeiros. Transportadoras que estruturarem essa governança desde já estarão mais preparadas para competir em um ambiente mais exigente a partir de 2026.
Como a Reforma Tributária vai afetar a competitividade logística no Brasil
A Reforma Tributária tende a provocar uma mudança estrutural na forma como as transportadoras competem entre si no mercado brasileiro. Com o enfraquecimento da guerra fiscal e a padronização das regras de tributação sobre o consumo, fatores que antes influenciavam decisões logísticas (como incentivos regionais e benefícios de ICMS) perdem relevância.
Nesse novo cenário, a competitividade passa a ser determinada principalmente pela eficiência operacional, pela capacidade de gestão e pelo uso estratégico da tecnologia. Transportadoras com processos bem estruturados, controle de custos, gestão fiscal integrada e maior previsibilidade financeira tendem a ganhar espaço.
A padronização tributária também aumenta a transparência na formação de preços. Isso reduz distorções no valor do frete e dificulta práticas baseadas apenas em vantagens fiscais temporárias. Empresas que dependiam desses benefícios precisarão rever rotas, estruturas operacionais e modelos de negócio para manter rentabilidade.
Além disso, a Reforma favorece transportadoras que investem em governança, dados e automação, já que o aproveitamento correto de créditos e o cumprimento das novas obrigações exigem alto nível de controle e confiabilidade das informações. Nesse contexto, tecnologia deixa de ser diferencial e passa a ser requisito competitivo.
Por fim, o novo ambiente tende a valorizar empresas mais profissionais e preparadas para operar em escala nacional, enquanto aquelas que não se adaptarem podem enfrentar aumento de custos, perda de margens e dificuldades para competir. A Reforma Tributária, portanto, não apenas reorganiza o sistema fiscal, mas redefine os critérios de competitividade logística no Brasil.
Conteúdo extra: Live com Rafael Brito — Diretor e Conselheiro Empresarial da Rumo Brasil
Na live com Rafael Brito, Diretor e Conselheiro Empresarial da Rumo Brasil, foram abordados pontos cruciais sobre a Reforma Tributária. Em especial, sobre como a transição para o novo modelo de tributação baseado em CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), impacta o setor de transporte rodoviário de cargas com profundidade técnica e prática para empresários e gestores logísticos.
Segundo Brito, a Reforma em curso vai além de uma mera mudança de nomes de tributos: ela altera profundamente a dinâmica de crédito tributário, compliance fiscal e controle documental dentro das operações das transportadoras.
Ele destacou que, com o novo sistema, o aproveitamento de créditos passará a depender estritamente da emissão correta de documentos fiscais ao longo de toda a cadeia. O que exige que transportadoras e seus parceiros estejam alinhados em processos e tecnologia para evitar bloqueios de créditos e autuações.
Outro ponto enfatizado na conversa foi a necessidade de uma mudança de mentalidade operacional: a nova dinâmica tributária obriga as empresas a monitorarem não apenas a própria conformidade fiscal, mas também a de seus fornecedores e agregados, já que o crédito só pode ser apropriado quando todos os eventos fiscais estão devidamente documentados e validados.
Brito também detalhou ações práticas que as transportadoras já devem iniciar agora, mesmo antes da entrada oficial do novo modelo em 2026. Isso inclui a revisão de contratos, adequação de sistemas (TMS/ERP) para emissão de documentos com as novas tags, e planejamento financeiro e de compliance para evitar riscos de caixa e de perdas tributárias.
Esta edição do Prolog Talks mostrou que não é apenas um tema técnico para contadores ou fiscais, mas uma pauta estratégica que impacta diretamente competitividade, estrutura de custos e governança das transportadoras brasileiras.
E se a sua empresa ainda não começou a se preparar de maneira estruturada para a Reforma Tributária 2026, você pode começar agora com a ferramenta da Prolog.
Esteja sua transportadora pronta ou não, a adaptação não acontece de forma automática: ela exige sistemas, processos e governança tributária integrados e atualizados. É exatamente nisso que a Prolog pode apoiar sua operação.
O que as transportadoras precisam fazer agora para não perder competitividade em 2026
A Reforma Tributária é um processo de transição que começa antes de 2026 e impacta diretamente a forma como as transportadoras operam, precificam e competem no mercado.
Por isso, o momento agora é de diagnóstico e preparação. Mapear operações, revisar custos, ajustar modelos de precificação, preparar sistemas e fortalecer a governança fiscal são passos fundamentais para atravessar esse período com segurança.
Empresas que se antecipam conseguem transformar a Reforma em oportunidade, ganhando eficiência e previsibilidade financeira.
Além disso, a complexidade do novo modelo exige dados confiáveis, processos integrados e visão estratégica. A competitividade logística passa a depender menos de incentivos tributários e mais da capacidade de gestão e de adaptação às novas regras.
Quanto antes a transportadora iniciar esse movimento, maiores serão as chances de manter rentabilidade, evitar riscos e se posicionar de forma sólida em um mercado cada vez mais profissional e exigente.