Em um artigo anterior, você conheceu as principais características e vantagens do bitrem no transporte rodoviário de cargas. Agora, chegou o momento de conhecer outra composição muito presente nas estradas brasileiras: o rodotrem.
Assim como o bitrem, o rodotrem é uma solução de alto desempenho, indicada para operações que exigem maior capacidade de carga e eficiência logística.
Embora à primeira vista essas composições pareçam semelhantes, o rodotrem possui particularidades importantes que impactam diretamente na escolha do veículo ideal para cada tipo de operação. Saber diferenciá-los e entender em quais contextos cada um se destaca é fundamental para a tomada de decisões mais estratégicas na gestão de frotas.
Neste conteúdo, você vai descobrir o que é o rodotrem, como ele se compara ao bitrem, quando vale a pena utilizá-lo e quais são os modelos mais comuns disponíveis no mercado. Além disso, você também vai entender como escolher o rodotrem ideal para sua operação e quais cuidados adotar para garantir o melhor desempenho dessa composição.
Confira os tópicos:
- O que é o rodotrem?
- Qual o melhor: rodotrem ou bitrem?
- Por que escolher um rodotrem?
- Conheça os 5 tipos de rodotrens e como escolher o ideal para sua operação
- Como garantir que os rodotrens da frota tenham uma boa performance?
Continue a leitura e veja como o rodotrem pode ser um diferencial competitivo para sua frota.
O que é o rodotrem?
O caminhão rodotrem é uma composição veicular de carga amplamente utilizada no transporte rodoviário de cargas, principalmente em operações de longa distância e alto volume.
Ele é composto por um cavalo mecânico e dois semirreboques, conectados entre si por um implemento chamado dolly — um reboque auxiliar com eixos próprios, que possui uma quinta-roda para acoplar o segundo semirreboque ao primeiro.
Essa configuração resulta em um conjunto mais longo e com maior capacidade de carga do que o bitrem, podendo chegar a até 30 metros de comprimento e transportar cargas superiores a 70 toneladas, dependendo do modelo.
Para tracionar esse tipo de composição, é necessário utilizar um cavalo mecânico trucado (6×4), com maior potência e robustez. Essa exigência garante o desempenho adequado do conjunto, especialmente em rotas de longa distância e com cargas volumosas.
Dessa forma, o rodotrem é amplamente utilizado em operações logísticas de grande escala, principalmente nos setores de agronegócio, mineração, combustíveis e madeira, sendo uma solução eficiente para o transporte de grandes volumes com menor custo por tonelada.
Qual é a capacidade de carga do rodotrem?
A capacidade de carga do rodotrem varia conforme o modelo e a configuração dos eixos, mas, de maneira geral, essa composição pode transportar entre 57 e 74 toneladas de Peso Bruto Total Combinado (PBTC) — o que inclui o peso do veículo + a carga transportada.
Essa capacidade está diretamente relacionada ao número de eixos da composição. O rodotrem tradicional, com nove eixos, é o mais comum e permite atingir o limite máximo de 74 toneladas de PBTC, desde que atenda às exigências técnicas e legais.
Veja um resumo das capacidades mais comuns:
- Rodotrem de 9 eixos: até 74 toneladas (PBTC)
- Rodotrem de 7 ou 8 eixos (menos comuns): capacidade reduzida, variando entre 57 e 63 toneladas, aproximadamente
- Super Rodotrem com 11 eixos: transporte de até 91 toneladas, mas sua circulação exige autorização especial, entre outras regulamentações.
Além do número de eixos, outros fatores também influenciam na capacidade de carga útil, como:
- Peso da estrutura da composição (implementos + cavalo mecânico)
- Tipo de carga transportada
- Características da rota (inclinação, pavimentação, restrições legais)
Por isso, ao considerar o uso de um rodotrem na frota, é importante avaliar a carga líquida que realmente poderá ser transportada, após descontar o peso do conjunto.
Quanto custa em média um caminhão bitrem?
O rodotrem é uma das composições mais robustas e complexas do transporte rodoviário, e seu custo reflete esse porte. O valor de mercado pode variar bastante, mas um conjunto completo — incluindo o cavalo mecânico trucado, o dolly e os dois semirreboques — costuma sair entre R$ 750 mil e R$ 1,1 milhão, quando novo.
No caso dos modelos usados, os preços ficam mais acessíveis, girando em torno de R$ 250 mil a R$ 650 mil, dependendo do ano, da configuração e do estado de conservação.
Na prática, o investimento em um rodotrem tende a ser compensado pelo alto rendimento operacional, especialmente em rotas de longa distância e no transporte de grandes volumes. Além disso, a durabilidade dos implementos e a possibilidade de revenda valorizada tornam esse tipo de caminhão uma escolha estratégica para muitas transportadoras.
Para quem busca alternativas de compra, é comum encontrar boas ofertas diretamente com fabricantes de implementos, concessionárias de veículos pesados ou em plataformas especializadas no setor.
O que diz o CONTRAN sobre o uso de rodotrem?
A Resolução CONTRAN nº 882/2021 estabelece os critérios para a circulação segura de composições com mais de um semirreboque. De acordo com essa norma, o uso do rodotrem só é permitido quando o conjunto atende aos limites de peso por eixo, altura, largura e à Capacidade Máxima de Tração (CMT) do cavalo mecânico.
Rodotrens com mais de 19,80 metros de comprimento ou com PBTC superior a 57 toneladas precisam de Autorização Especial de Trânsito (AET) para circular. Já os modelos dentro desses limites podem operar sem AET, desde que respeitem os demais critérios técnicos e legais.
Outro ponto importante: o uso do dolly é obrigatório, pois ele é o implemento que conecta os dois semirreboques — característica que diferencia o rodotrem de outras composições.
Cumprir essas exigências é fundamental para evitar multas, garantir a segurança operacional e preservar a infraestrutura das vias.
Qual o melhor: rodotrem ou bitrem?
A escolha entre rodotrem e bitrem depende diretamente do tipo de operação, da carga transportada e das rotas utilizadas.
A principal diferença está no engate entre os semirreboques. No rodotrem, a conexão é feita por meio de um dolly, um implemento com eixos próprios que liga o primeiro ao segundo semirreboque. Já no bitrem, os dois semirreboques são conectados diretamente por uma quinta-roda, sem a necessidade do dolly.
Essa diferença estrutural impacta no comprimento do conjunto, no raio de giro e nas exigências legais. Enquanto alguns bitrens com até 19,80 metros podem rodar sem Autorização Especial de Trânsito (AET), o rodotrem só pode circular sem AET quando atende a limites específicos de comprimento e PBTC. Fora desses limites, a AET é obrigatória.
Outra distinção importante é a capacidade de carga. O rodotrem pode atingir até 74 toneladas de PBTC, enquanto o bitrem geralmente transporta até 57 toneladas. Por isso, o rodotrem é mais utilizado em operações de grande porte, como no transporte de grãos, madeira, minério e combustíveis.
Em resumo, o bitrem é mais simples de operar e exige menos estrutura, sendo ideal para rotas médias e cargas moderadas. Já o rodotrem é indicado para operações com maior volume e peso, mesmo que isso envolva mais cuidados técnicos, investimento e burocracia.
Por que escolher um rodotrem?
O rodotrem é uma solução estratégica para operações que exigem alto desempenho logístico, especialmente em rotas de longa distância e com grande volume de carga. Sua principal vantagem está na capacidade de transporte, que pode ultrapassar 70 toneladas, dependendo da configuração do conjunto.
Com dois semirreboques e o uso do dolly, o rodotrem permite uma melhor distribuição de peso por eixo, o que contribui para o aproveitamento total da carga dentro dos limites legais. Isso torna a composição ideal para setores como agronegócio, mineração, florestal e combustíveis, onde o volume transportado impacta diretamente nos custos e na eficiência da operação.
Além da capacidade, o rodotrem também oferece ganhos em produtividade e economia. Ao transportar mais carga por viagem, ele reduz o número de viagens necessárias, o consumo de combustível por tonelada útil e o desgaste da frota como um todo.
No entanto, é importante lembrar que o rodotrem exige mais atenção à infraestrutura disponível, tanto na escolha das rotas quanto nos pontos de carga e descarga, já que seu comprimento e raio de giro são maiores. Ainda assim, quando bem planejado, ele se mostra uma das composições mais vantajosas do transporte rodoviário.
Conheça os 5 tipos de rodotrens e como escolher o ideal para sua operação
Para cada tipo de carga, existe um rodotrem ideal, que garante segurança, eficiência e integridade da mercadoria. Veja os principais modelos:
- Rodotrem caçamba (ou basculante): equipado com carroceria fechada e basculante, é ideal para o transporte de cargas a granel, como areia, pedra, terra e outros materiais soltos.
- Rodotrem canavieiro: possui estrutura mais alta e protegida, projetada especialmente para o transporte de cana-de-açúcar, garantindo a proteção da carga durante o trajeto.
- Rodotrem graneleiro: com carroceria fechada, é indicado para o transporte de grãos, adubos e fertilizantes, muito utilizado no agronegócio.
- Rodotrem tanque: dotado de tanques específicos para o transporte de líquidos, como combustíveis, matérias-primas químicas e outras cargas líquidas, exigindo atenção especial à segurança e regulamentação.
- Rodotrem sider: equipado com carroceria fechada com portas laterais, ideal para cargas paletizadas e mercadorias que precisam de proteção contra intempéries, facilitando a carga e descarga rápida.
Como escolher o rodotrem ideal para sua operação
Para definir o rodotrem ideal, considere três fatores principais:
- Tipo de carga transportada: cargas líquidas demandam rodotrens tanques especializados; grãos e produtos a granel pedem graneleiros; cargas secas e paletizadas se beneficiam dos modelos fechados ou abertos.
- Capacidade e legislação: avalie o volume e peso da carga e se o conjunto poderá rodar dentro dos limites legais sem AET ou se precisará de autorização especial. Rodotrens com menos eixos ou menor comprimento são mais flexíveis em circulação.
- Rotas e infraestrutura: condições das estradas, acessos para carga e descarga, e restrições locais influenciam a escolha. Rodotrem mais longo exige planejamento para manobras e trânsito em vias urbanas ou estreitas.
Além disso, leve em conta custos de aquisição, manutenção, consumo de combustível e desgaste da frota. Analisar indicadores operacionais, como custo por quilômetro (CPK), ajuda a alinhar a escolha do rodotrem ao objetivo da empresa: aumentar a capacidade de carga, com segurança e eficiência.
Como garantir que os rodotrens da frota tenham uma boa performance?
Garantir alto desempenho com rodotrens vai muito além da escolha do modelo ideal. É essencial manter a operação sob controle, com manutenção preventiva, atenção aos custos e uso estratégico de dados.
Veja algumas boas práticas para otimizar o desempenho da sua frota com rodotrens:
1. Realize inspeções periódicas e padronizadas
Os rodotrens operam com maior volume de carga e exigem atenção redobrada em itens como freios, suspensão, pneus, dolly, sistemas de engate e iluminação. Padronizar essas inspeções — com checklists digitais, por exemplo — ajuda a prevenir falhas e aumenta a segurança nas estradas.
2. Gerencie os pneus com eficiência
Devido ao maior número de eixos e ao peso transportado, os rodotrens têm um impacto ainda maior nos custos com pneus. Monitorar desgaste, pressão, trocas e recapagens é fundamental para manter o CPK sob controle e garantir uma operação segura e econômica.
3. Treine os motoristas constantemente
Rodotrens exigem manobras mais cuidadosas, principalmente por seu comprimento e raio de giro. Condutas inadequadas podem comprometer não só o consumo e o desgaste dos componentes, mas também a estabilidade da carga. Capacitar os motoristas reduz riscos e melhora o rendimento do conjunto.
4. Use dados para orientar a gestão da frota
Indicadores como consumo por tonelada transportada, tempo de parada, custo por km, performance por rota e falhas mecânicas ajudam a identificar gargalos e oportunidades de melhoria. Soluções tecnológicas de gestão de frota são grandes aliadas nesse processo.
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