Uma árvore de falhas pode ajudar a trazer análises mais completas e rápidas à sua gestão de frotas, principalmente na área de manutenção dos veículos.
Construir e analisar essa árvore é um recurso ainda pouco explorado em relação aos veículos de uma frota. Porém, já é um conceito bem difundido na manutenção industrial e que se mostra de alta efetividade.
Então, porque não conhecer e aplicar na sua operação de transportes? Confira, a seguir:
- O que é uma árvore de falhas;
- Qual o objetivo da árvore de falhas;
- Por que ela é importante para a gestão de manutenção da frota;
- Como funciona uma árvore de falhas;
- Como construir uma árvore de falhas.
O que é uma árvore de falhas?
A árvore de falhas é um método para análise na gestão de manutenção que identifica o problema central de uma falha, ou seja, sua raiz.
Fazendo isso, ela ainda permite uma visualização clara sobre os motivos de ocorrência das falhas e os riscos que podem gerar ao veículo e às operações da frota. Também pode ser utilizada em conjunto com outros recursos e ferramentas de manutenção para calcular a previsão de falha e aplicar as medidas de prevenção necessárias.
A “Análise da Árvore de Falhas”, chamada também “FTA”, é realizada para evitar valores excessivos com correções de veículos, mantendo os custos com manutenção sob controle, assim como evitar acidentes e imprevistos na estrada.
Qual o objetivo da análise da árvore de falhas?
Gerar informações e conhecimento ao gestor da frota e/ou de manutenções
Visto que os supervisores e gestores da frota precisam constantemente tomar decisões que buscam melhorar as operações, seja pela redução de custos ou aumento de segurança no transporte, ferramentas de análise de dados são fundamentais para direcionarem seus esforços.
A árvore de falhas reúne informações que são coletadas nos processos rotineiros da frota, mas, como ela traz uma organização diferente e mais visual, pode ajudar a enxergar elementos que, de outro modo, não ficariam tão evidentes.
Por isso, um de seus grandes objetivos é a contribuição na geração de percepções e conhecimentos ao gestor da frota.
Evitar correções “superficiais” de um problema
Quando a árvore de falhas é aplicada em uma operação de transporte, os problemas nos veículos não são apenas corrigidos. Eles são registrados e avaliados para que as informações possam ser incluídas na construção da árvore.
Assim, todas as variáveis que poderiam levar ao ocorrido são avaliadas e inspecionadas no veículo, identificando a verdadeira raiz dele e, dessa forma, é possível “cortar” o problema por essa “raiz”.
Permitir que uma falha seja compreendida por completo
A visualização das variáveis possíveis que levam ao problema também traz um entendimento bastante rico sobre o funcionamento de um veículo. Além de identificar o que causou a falha nesta ocasião, também gera uma base de conhecimento para as próximas ocorrências.
Essas características da árvore de falhas também contribuem em um objetivo secundário: agilizar as rotinas de análise da frota.
Identificar a solução mais adequada que previne que a falha volte a acontecer
Quando o problema é identificado pela raiz, pode ser corrigido de maneira permanente, pois não foi feita apenas uma correção superficial, mas um ajuste estudado e certeiro.
As chances de voltar a ocorrer um problema pelo mesmo motivo são praticamente nulas e esse é um dos maiores impactos na gestão de manutenção que a árvore traz.
Por que ela é importante para a gestão de manutenção da frota?
Gera o mapeamento de falhas
Conforme um problema acontece, os possíveis motivos são identificados e estudados. Isso faz com que as falhas sejam todas mapeadas com muitos detalhes e podem até ser complementadas posteriormente com as conclusões obtidas após realizados os serviços de correção.
Ou seja, mostrando quais foram os resultados obtidos depois de analisar os elementos da árvore.
Reduz as manutenções não programadas e custos da frota
A ocorrência de falhas e imprevistos em rota são os tipos de situações que geram manutenções não previstas e programadas e, a partir da aplicação da análise de árvore de falhas, essas ocorrências passam a ser diminuídas.
Descobrir qual é a falha e seus motivos também ajuda na implementação de uma rotina preventiva.
A consequência disso é bem positiva: a redução de custos com manutenção da frota. Pois, ao invés de precisar corrigir pequenos problemas diversas vezes, o “mal” é resolvido de vez.
Aumenta a segurança da frota
Se há menos problemas no funcionamento dos veículos, significa que as viagens são mais seguras. Além disso, o motorista sente mais conforto ao dirigir e pode até contribuir para a realização de uma rota mais econômica.
Afinal, as condições ideias de rodagem trazem a redução de acidentes, de consumo de combustível e menor desgaste nos componentes do veículo.
Como funciona uma árvore de falhas?
A árvore de falhas possui três fundamentos que devem ser conhecidos para você criar e usar corretamente na sua gestão de manutenção da frota:
1 – Etapas da árvore de falhas
- Definir o evento a ser analisado: qual a falha que será investigada?
- Identificar todas as possibilidades que levam ao evento: quais são todos os itens de um veículo que podem ter problemas e levar a essa ocorrência?
- Estruturar as condições de causa e consequência das possibilidades levantadas: como esses problemas se conectam para chegar até a falha? Eles acontecem juntos, separados ou em consequência um ao outro?
- Construir a versão da árvore de falhas que define esse problema: tendo todas as respostas, você pode montar a estrutura da sua árvore de falhas para analisar, usando os eventos e portas que são definidos a seguir.
2 – Eventos da árvore de falhas
- Evento topo: a principal falha sendo investigada pela árvore de falhas.
- Evento básico ou primário: falha em componentes do veículo que podem levar à falha sendo analisada na árvore de falhas.
- Estado do sistema ou subsistema: estado ou condições que o veículo (sistema) atinge durante o processo.
- Evento secundário ou não desenvolvido: algum evento ou falha que precisa ser melhor explorado e detalhado, por não possuir correlações ou informações suficientes.
- Evento de condicionamento: fator que gera interligações entre falhas e eventos, podendo afetar as portas.
- Evento externo: é um evento cuja ocorrência já era esperada e, provavelmente, inevitável.
- Evento intermediário: auxilia para descrever e detalhar a descrição de um evento principal.
- Transferência “in” e transferência “out”: são conectores de entrada e saída das árvores, para relacionar diferentes árvores de falhas.
3 – Portas da árvore de falhas
- Porta “AND”: o evento acontece apenas se todas as entradas atenderem aos requisitos.
- Porta “OR”: o evento acontece quando pelo menos um dos eventos de entrada acontece.
- Porta “AND” prioritária: o evento acontece em uma sequência específica, determinada pelo evento de condicionamento.
- Porta “OR” exclusiva: o evento acontece se ocorrer uma entrada específica.
- Porta de inibição: o evento acontece se a entrada for uma condição especificada pelo evento de condicionamento.
Como construir uma árvore de falhas?
Antes de construir a árvore, você deve selecionar o evento a ser analisado e identificar todos os efeitos causadores, como determinado pelas etapas da árvore de falhas. Dessa forma, você consegue construir a árvore sem erros e com uma visualização completa do problema.
Depois, é só aplicar os elementos e figuras correspondentes para conseguir fazer suas análises, que são feitas a partir das relações estabelecidas entre os eventos determinados.
Exemplo de árvore de falhas:
Se um motor não está dando partida, algumas falhas possíveis são: o combustível não está chegando ao motor, a ignição não está produzindo faísca ou há uma falha no alternador, entre outras possibilidades.
Esses são eventos intermediários que precisam ser avaliados individualmente e verificados porque podem acontecer também.
O combustível não chegar ao motor acontece quando há mau contato com os fios, o fusível pode estar queimado ou há algum filtro obstruído.
Dentro de cada um desses fatores, quais são as condições que levam a eles? Essa resposta determina os eventos básicos que você pode estar enfrentando.
Cada uma dessas relações também terá as portas (ou portões) que determinam as relações entre eventos, se são dependentes, prováveis ou condicionais.
Lembre-se: é preciso ter todas as informações sobre cada problema a ser esmiuçado na árvore, portanto reúna todos antes de começar a construir a sua visualização para evitar erros e retrabalhos no meio do caminho.
Além da árvores de falhas
Além de fazer a construção e análise, você deve combinar essa atividade com métodos mais robustos de controle, pois a árvore trata de um evento (falha) único.
A manutenção preditiva é um dos meios de gestão que possui recursos avançados, contribuindo tanto para construir a sua árvore quanto para avaliar as conclusões a que chegou e aplicar as soluções necessárias na frota.
Outros meios, que você pode começar a utilizar com menos implementações e a um custo inicial mais baixo são as planilhas de controle de manutenções dos veículos.
Confira como montar o seu modelo para utilizar na frota.